Diário de uma Paixão

segunda-feira, julho 30, 2007

Desculpa

Quero-te.
Não gosto de ti,nem me tiras o sono,mas sinto um desejo egoísta de poder sobre a tua pessoa,o teu corpo e a tua vontade.
Quero-te apenas porque sim.
Quero-te porque não posso ter o que realmente quero.
Não tenho motivos,és insignificante.
Existe uma ausência deliciosa de diferença na tua direcção.
Nem mal nem bem.
Vou usar-te.
A estabilidade é mais importante que o risco neste momento.
Não te consigo dizer sim,mas desta vez não volto a dizer não.
Se errar...Não vai ser a primeira vez.
Enlaço-me na auto-confiança que me dás e vou magoar-te a longo prazo.
Vou eludir-te,ter-te,e deixar-te.
Lembras-te quando te disse "eu não presto"?
Era verdade,e vou provar-te.
Quero-te,e vou ter-te.
Queria era orgulhar-me dos meus planos,e não consigo.

sexta-feira, julho 27, 2007

História

Não era para ti.
Ao contrário do que pensaste.Não,não te estou a chamar egocentrica,mas achei por bem esclarecer que não era para ti,simplesmente.
Estive hoje a ler a tua parte,senti-me atrasada,pelos dois lados até.Atrasada porque deveria ter lido há mais tempo,e atrasada por não te guardar raiva.Atrasada porque já são tantos anos e pelo que noto não houve muita coisa a mudar desse lado.Pensei que tivesse mudado mais,confesso.Por um lado é bom,sabes,mudar demasiado tira-nos a essência,boa ou má,que todos temos.Porem,mudar em equilibrio faz-nos renascer,faz-nos sentir que o mundo vale a pena,espero que tenhas isso em mente.
Ao ler "a tua parte",lembrei-me de uma noite em que te dei talvez o maior dos vários sermões que te dava em relação a apenas um assunto.Choraste,e eu nunca te cheguei a dizer o quanto me custou ter de te dizer aquilo,ter de te atirar água gelada de forma a abrires os olhos.A verdade doi...Ambas sabemos disso.E posso ter errado em muita coisa,tal como tu,ao contrário do que dizes eu não deixei de falar a ninguem,aliás,nunca passei por ti sem te falar,a primeira a virar a cara foste tu,lembras-te?
Tenho pena que em relação àquela situação continues quase na mesma,com intervalos no meio do sofrimento.Sabes tão bem quanto eu que esses intervalos por vezes nos fazem aguentar,mas não duram sempre.Infelizmente há outras coisas que duram,e eu soube disso depois dos sermões todos que te dei.
Não deves saber,mas fui forte.Quando passei pelo mesmo resolvi que nada nem ninguem valia a pena esse tempo todo de mágoa,de egoísmo,de indiferença aos nossos sentimentos.Não te vou dizer que ultrapassei,há coisas que nunca mudam,e há pelo menos uma delas que é para sempre,simplesmente aprendemos a viver com ela dentro de nós,e deixamos de a passar para o lado de fora.Há uma linha tão escorregadia entre elas...
Espero sinceramente que encontres essa força,espero que em vez de raiva e revolta consigas um dia ter paz,não é assim tão dificil,é até bem mais facil que odiar.
Há coisas que fazem parte da história,temos de saber aceitar isso.Não esquecer as coisas boas,nem as más,deixa-las lá.Quietinhas no passado.É o segredo para que elas não nos façam mal.
Eu não te quero mal,mas tambem não me quero a mim.

terça-feira, julho 24, 2007

Medo

Descarrego a minha energia para o drama,no trabalho.descarrego a minha capacidade de mentir e improvisar naquilo que realmente deveria ser importante sem o ser.Não o sinto como se fosse.Não estou feliz.Os meus olhos ardentes dizem que a noite foi longa,que os pesadelos não me deixam respirar,e que acordo com a almofada inundada sem saber porquê,nem me lembrar como.Revolta-me.Sou uma revoltada acima de tudo.Conheço o ódio e o seu maior inimigo,é possível alguem senti-los em simultaneo?Sempre achei que não.Cansada de teorias sem prática.
Quando revejo o meu passado há apenas uma palavra que se mantem,cansaço.Saturação.Limite.Eu já cheguei ao meu há uns bons meses,e parecendo que não continuo a ultrapassa-lo como se os sinais vermelhos não existissem.
Vejo o mundo enevoado e não consigo dizer o que quero,maldita rotina em que me meti...Aos olhos de fora parece melhorar,e aos meus?Estou disposta a perder a unica coisa que resta por limites.É tão dificil ouvir quando não podemos responder...
Vivo em anarquia comigo mesma.Tu percebes,tu eu sei que sim.Mais que qualquer outro.É indiferente,agora sou eu que digo,não me serve de muito saber que percebes.
A letra M é me assustadoramente familiar...
És um poeta.Esta sou eu despida de metáforas.
E "o poeta é um fingidor..."


"O amor só é amor, se não se dobra a obstáculos e não se curva às vicissitudes... é uma marca eterna... que sofre tempestades sem nunca se abalar"- Shakeaspeare

segunda-feira, julho 23, 2007

O carrossel

Regresso ao senso comum,de onde jamais deveria ter saído.
Pretendo esquecer a experiência e tudo o que dela advem.Vou desligar o interruptor,parar esta montanha russa onde perigosamente me divirto.Foi nela que tudo começou.Se a vida é um puzzle então eu vivo num parque de diversões,necessito demasiado dele.
Mais uma volta...Não vale a pena carregarem no botão,não ligo.Cortei a electricidade com medo de me arrepender.A melhor fuga é sempre o instante.Aquele que nos passa como um vulto e se tivermos a sorte de agarrar,se amanhã parecer absurdo,já está feito.
Esta confusão de gente,de carrosseis,de comboios imaginários e casas do terror chegou a um fim.
Se a experiencia me aliciar a voltar,e assim fraquejar,muito bem,mas eu não sou ninguem sem tentar.O tentar faz parte do conhecimento que nasceu comigo,a ilusão não.A ilusão cresce com a experiencia,e eu não cresci,não cresço mais.Sou uma criança no final das contas.
Orgulhosa por ser diferente,desiludida por ser a unica.
Até os mais deliciosos erros trazem arrependimento,não quero chegar a essa fase.
Quero esperar que passe,como quem espera por um comboio para casa.
Casa é onde o nosso coração está?Mentira...O senso comum não nos diz isso.É a experiencia a enganar-nos.
Está em mim e em ti,o nós nunca chegará a vê-lo.
Tambem estou cansada de paredes em branco,cansei-me de pinta-las para levarem com lixivia.
A montanha russa nunca pára...
Eu sim.

sábado, julho 21, 2007

No caminho de casa

Há musicas que realmente fazem ver uma realidade alternativa.Hoje "conheci" uma dessas musicas.Daquelas que nos fazem rever a vida inteira,ou apenas uma fase,não sei ao certo.Sei que me faz pensar,que me faz sentir bem,nostalgicamente bem.
A primeira vez que a ouvi não estava de todo nos meus melhores dias,não foi há muito tempo,de qualquer maneira parece que já passou um ano desde aí.Incrivel como as coisas mudam tão depressa,tão de repente.
Na viagem de comboio para casa pensei em tanta coisa que podia escrever sobre a musica,já que não escrevo sobre musicas há tanto tempo,e agora não me sai nada.Apenas o vicio.Não consigo tirar a melodia da cabeça,e a letra.Sou normalmente daquelas pessoas que liga mais às letras que às musicas,há sempre uma excepção à regra.Não vou negar que podia dar neste preciso momento um significado à letra,mas o que realmente remexe nos meus pensamentos é a melodia,o todo.Não é a minha banda preferida,impossivel de se tornar tal.Esse lugar está ocupado eternamente por algo mais...Especial.Porem esta musica é bem mágica,põe-me a pensar às 5 da manhã que o dia que aí vem vai ser melhor,não que o ontem tenha sido mau.Dá-me esperança que a musica pode mudar o mundo,nem que seja por apenas 2 minutos e 59 segundos,que repito vezes sem conta até passar a magia.
Fico com a noção que ainda há muito a descobrir no mundo,na vida.À espera da chuva...Encostada a uma carruagem de cigarro numa mão,e o leitor de mp3 na outra.À espera da chuva.À espera de quebrar o vidro.E a multidão corre com pressa de chegar a algum lado,eu não.Eu ouço calmamente A musica,olho em volta e piso o cigarro.Puxo o cabelo para o lado e entro.Será que pensam todos,"é só mais uma miuda a caminho de casa"?
E que ainda sou uma miuda ingénua que não fez nem metade do que tem a fazer,que tem um diário de metáforas e mil e um sonhos que nunca vai realizar.
Mas que a fazem levantar da cama todos os dias...Todos os dias.

@ Maxïmo Park - By The Monument

quinta-feira, julho 19, 2007

A Corda

Enrolo-me cada vez mais.
A insónia transformou-se numa corda que não me adormece,enrola-me o pescoço o suficiente para que sinta o quanto é importante respirar.Disseram-me uma vez que se chamava ataque de pânico.A noção de respirar.Íncrivel como toda a gente respira,dependemos disso para sobreviver,mas é ainda mais incrivel como todos o fazemos e nenhum de nós repara.E o mundo todo respira.Neste momento eu respiro mais que vocês todos.Um,dois.Um,dois.Um,dois.Um,dois...
Conto as vezes que inspiro,prolongo a inspiração para expirar como se fosse o meu ultimo suspiro.Chegam-me as lágrimas aos olhos,arde.Parece que vou explodir.O meu coração é um comboio à velocidade da luz.
A corda faz força,abraça-me como se me amasse.Chego à conclusão que ela só andava porque eu ingénuamente a puxava.Não puxo mais.
Está do teu lado da parede,eu permanecerei na minha,à espera que o tempo passe,à espera de não me esquecer de respirar.
Beijo a corda,abraço-a com as duas mãos como se o mundo fosse acabar,como se este fosse o meu ultimo texto,e atiro-a para a parede oposta.Ninguem a agarra,ela fica lá,e eu viro costas.

"Tens um olhar...Expectante!Parece que quando olho para ti estás sempre à espera que eu faça alguma coisa."

Chego à conclusão que há coisas que me vão dizendo que até têm razão de ser.Eu espero mais do que devia de mim mesma.

quarta-feira, julho 18, 2007

Erros

São os erros que me movem.Excita-me estar errada,excita-me o risco.
Dá-me prazer aquele medo viciante de saber que se faz algo mal,mas sabe tão bem porque se estivesse correcto nem se dava conta.Render-me ao silencio seria bom,ou apenas indiferente.Arriscar dar musica ao momento é o que me fascina.Uma melodia sensual que transcende o tempo,que faz do instante o momento e uma vida a eternidade.
Hoje dei-me conta do pequeno maior erro da minha história enquanto pessoa.Chama-se orgulho.E não o quebrei quando devia.
Ainda penso nisso,todos os dias sem antever as consequencias.As consequencias são estas,os "aindas",as curas mal curadas,a negação.
Mas continuo a acreditar que as mentiras vão ser tantas,que um dia hei de acreditar nelas.Um dia vou acordar e não vou lembrar-me sequer se me lembro ou não do que nos aconteceu.Vou voltar a ser eu.Vou voltar a apaixonar-me pelo mundo,vou esquecer que o amor é para sempre e só acontece uma vez na vida.Vou esquecer-me que existimos um dia,vou esquecer-me da musica,do cheiro,do toque,dos sítios,das lágrimas na minha cara.
Um dia vou esquecer os meus erros,para voltar a comete-los.
Faz-me falta um novo erro.

terça-feira, julho 17, 2007

Frágil fim

Tão frágil...
Tão dura por vezes que parece não partir,a arrogancia é uma capa de vidro.
Pareces tão intocavel que tenho pena.Pena de não quebrares.
Enraivecida pelo mundo e pela experiencia,sacrificas a tua capacidade de seres suave.
Tornas-te rocha sem areia,flutuas pesada no ar sujo.
Tão fácil...
Juras aos ventos a tua força e perseverança,mentes com quantos medos o deixas passar...
Não entoas canções de amor,não te rendes ao silencio,demasiado frio.
Aqueces a indiferença que te cobre a pele,mas não te contamina o sangue.
Sonhas excessos de futuros que jamais alcançarás,sonhas,vais sonhando.
Tão vazia.
Na sala de espera do imaginário.O teu mundo tornou-se o meu.
Sou o corpo que te dá vida.
És a alma que me dá existência.
Persistes em reanimar a morte que há em mim,não existes,nenhuma de nós.
Tão frágil...
Anseio o dia em que nos partam,nem alma nem corpo existirão para alem do estilhaço.
Temos tantas dividas em comum...Que um mundo inteiro não teria possibilidade de saldar.
No dia da vingança,não restarás em mim,eu já não sou mais que uma sombra.
O sorriso do outro lado das lágrimas.
Fim.Ensina-me a dar um fim ao que já partiu,partido.

segunda-feira, julho 16, 2007

Sete vontades mortais

Quero fugir deste antro de egoísmo,esquecer-me que há dor,que há saudade,que há traição e abismo.
Quero bater nas rochas e partir-me até ser pó,viver o resto dos meus dias a lutar por estar só.
Quero dissolver-me no oceano para abraçar o mundo,assassinar os que me trazem a este mau estar profundo.
Quero aquilo que a razão jamais me há-de dar,viver como quem sacia a sede sem amar.
Quero fugir do risco e entregar-me à solução,conseguir não querer um sim,sem pensar que não.
Quero sair e entrar e ficar na beira dos dois,não esperar esperanças,pois...
Quero demasiado querer não querer demasiado o medo de sofrer.

Não quero seguir a mesma estrada,o longo caminho para o Nada.
Não quero uma chama acesa,não a consigo apagar,mas finjo-me surpresa.
Não quero rimar nem amar nem cair nem lutar.
Não quero uma janela,uma luz de presença,uma vela.
Não quero uma porta fechada,muito menos a minha trancada.
Não quero afundar-me em razões solitárias,envenenar-me em histórias.
Não quero querer,não quero ter,não quero fingir,não quero mentir.

Quero > Não quero = { }

domingo, julho 15, 2007

Barreiras

Já a encontraste?
Sentia-me mais segura se o mundo não tivesse barreiras,não seria tão tentador quebra-las,e não haveria quebras ao derruba-las.
Um mundo com paredes de vidro.Não era tão mais fácil?
Eu já cheguei.
Já bateste à porta ou as minhas paredes são demasiado transparentes para faze-lo?
Tu já foste.
A realidade era bem mais nítida sem vidros partidos,sem fumos de emergencia.
A fogueira apagou,não vou acende-la.
Passo-te a responsabilidade,quando chocares com ela,não te preocupes,não vai doer.
Há paredes de seda.

sexta-feira, julho 13, 2007

Lembranças

Deves pensar que não me lembro...Lembro.Por muito que mude,por muito que o tempo passe,há coisas que não se esquecem.Não me arrependo da minha decisão,embora me tenha custado bastante a certas alturas,a ti tambem deve ter custado mesmo que não admitisses.Tens o teu feitio,eu tenho o meu.Fizeste-me mal,possivelmente fiz-te mal.Mas não penses que um ano fez esquecer tudo o que passámos,as musicas que cantámos juntas,as figuras que fizemos,as bebedeiras que apanhámos,os sítios onde costumavamos ir,se para ti são indiferentes,posso garantir-te que muitos deles faziam parte da minha rotina e não lhes meto os pés há exactamente um ano.
Os jantares...As birras...Os desabafos.Chegaste a chorar ao pé de mim,eu não tinha coragem.As minhas lágrimas transformam-se sempre em silêncios,da penultima vez que estivemos juntas contam-se pelos dedos as palavras que te disse.Não digo que tenhas a culpa,mas devias ter compreendido que eu realmente estava muito em baixo para não dizer nada.Eras o meu anti-depressivo,estava viciada e tive de me desintoxicar a mim mesma.
Parabens a mim!Que ironia.Se ao menos as nossas escolhas tivessem sido diferentes...Eu ainda acreditava que a amizade seria para sempre.
Hoje só restam lembranças,bilhetes de concertos,um peluche na minha mesa de cabeceira,fotografias que estão no meu outro computador,e que muitas vezes me sinto tentada a ir ver,e saudades.
Restam-nos duas coisas,sabes?As duas bem estupidas..
Orgulho,e saudades.

quinta-feira, julho 12, 2007

Circunferência

Finjo-me mancha na parede,suja e demente.
Todos a vêm ninguem a sente.
Podes varrer-me do teu chão como lixo,
Viver é para pessoas,eu sou um bicho.
Vou levada pelo vento sem caminho certo,
Algum destino hei-de ter,porem nem longe nem perto.
Sou um turbilhão fervente de instintos maus,
A minha vida não passa de uma volta de 360 graus.

quarta-feira, julho 11, 2007

Reflexo

Sei onde vai dar tudo isto.Tenho esperança que o poço já esteja cheio o suficiente para não ficares no fundo.Vejo em ti um vazio coberto de preenchimento.Vejo em ti o outro lado do espelho.Assusta-me falar tão bem a tua lingua,ou falares bem a minha,não sei qual dos dois a domina.Vejo-te distorcido como um vidro rachado,no qual ainda consigo alcançar a minha imagem.
Neste momento já pouco tenho a escrever,surpreende-me puxar tanto a corda quando não é habitual.Lá está...Sou uma antítese.Percebes agora?Estou em todo lado desde que procure por mim,hoje não me procurei.Estava lá,apenas.
Ainda não fiz os cálculos,ou o filme,para ter uma previsão de onde vou bater quando houver um choque.Honestamente,estou descontraída demais para isso,devia ficar a vida toda assim.E sei que sabes que sei o que sei quando escrevo sobre sabedoria.
Este texto é apenas como uma mensagem curta,um resumo do que me vai pela cabeça às 2:50 da manhã,sem ansiedade.

"I've done the math enough to know the dangers of a second guessing."

terça-feira, julho 10, 2007

Oxigénio

A beleza é em tudo algo relativo,o que é belo para uns é horrendo para outros.Dizem que varia dos olhos de quem vê.
Eu sempre vi beleza no mundo,nas paisagens,nas pessoas,nos animais,nas paredes manchadas de humidade onde imaginava formas.Hoje vi beleza na transparencia,no ar.Adormeci como uma princesa encantada num vale que já não existe,acordei como uma menina vulgar,que acorda e vai à janela ver o céu azul e a luz do dia,e torna a ganhar sono sabendo que vai dormir descansada.
Tenho um sorriso irónico no rosto com um significado vazio tremendo,assusto-me a mim mesma por me sentir tão bem.Respiro fundo,engulo o ar,entretanto fechei e abri os olhos e tudo me parece claro.Não há mentiras,não há verdades é certo.Não sei o que quero,nem o que quis,muito menos o que vou querer,mas por enquanto sorrio.Sabe bem.Sinto-me culpada,talvez tenha a leve noção que sou falsa incoscientemente,que engano os outros e pior que isso,engano-me a mim mesma.Se assim não fosse,devia estar a sentir-me mal,triste pelo menos.
Enquanto todo este turbilhão de bem estar me cobre a pele,eu vejo beleza nos vidros da janela do meu quarto que me vigiam o sono.
Vejo beleza nos meus crimes,no ar.

domingo, julho 08, 2007

A ultima carta

Atrasa-me a rotina,adianta-me a ansiedade.
Não te afecto como deveria,sou-te indiferente.Afectas-me.
Magoaste-me,será que sabes?
De hoje a uma semana faz um mês desde que tudo começou,será que te lembras?Consegues notar a diferença?
Não estamos a andar para a frente,nem para trás,estamos a ir em direcções diferentes.Parados na frente de um sinal vermelho.Que tu consegues passar,eu não.Era tudo tão transparente...Porquê?
Afinal estava certa,tudo passa.E eu passei-te ao lado,sem que me notasses.
O silencio não é solução,mas não vou ser eu a quebra-lo."Ligeiramente mais importante que elas",lembras-te de me teres dito?
O tempo passa rápido,parece que durou mais,na verdade foi um segundo.Levou apenas um segundo a fazeres o que te tinha pedido para evitares.Tenho-te na cabeça admito,habituei-me aos teus defeitos,aprendi a gostar deles.
Perdi uma noite a pensar no que te diria,"acabou",talvez fosse o melhor.Mas estaria a enganar-me na esperança que lutasses,quando sei que não o vais fazer.Por isso decidi pagar-te na mesma moeda,com silencio.
A ultima jogada estava nas tuas mãos,e não empatamos,perdi.Os meus pesadelos eram apenas um aviso da queda,e tu viste-me cair na fila da frente,sem que abrisses os olhos.
Sabes onde me encontrar caso um dia te arrependas.
Deixaste esclarecido que não valia a pena,agradeço-te por isso.Tenho pena que não tenhas tido o "tempo" para me ouvires,para haver pelo menos uma despedida.Como não houve...Aqui fica:

Adoro-te,adeus,eu pedi-te para não me desiludires.

sexta-feira, julho 06, 2007

Letras e ponteiros

Palavras falsas valem tanto quanto silêncio.
Às vezes penso que gostava que não houvesse voz,que o mundo vivesse de gestos.Assim não haveriam expectativas,não haveriam desilusões,não me magoava.
Gabo tanto o meu amor pelas palavras que me esqueço que nem toda a gente o tem,é um amor platónico.Falho nos gestos,falham-me a mim.Não há ínicio,tambem não há fim.
Palavras vazias valem tanto como choques sociais.Acidentes na rua.Encostares-te a um estranho no metro,empurrares alguem a atravessar a estrada.
Nunca gostei de mudanças,e é incrivel como são frequentes.Como as pessoas que julgamos serem uma coisa são outra,e o que um beijo pode ser dia 1,e passa repentinamente a ser dia 10.
Um dia a indiferença vai ser estabelecida crime social,um dia não me vai fazer diferença a indiferença.Até lá,doi.
Há uns anos atrás prometi a mim mesma que me iria afastar de tudo o que me causa dor.
Planeio cumprir a promessa.
Disseram-me que por vezes é necessário darmos um "empurrãozinho" nas pessoas,para elas nos darem valor,para sentirem a nossa falta.Eu não dou esse empurrão com medo que não valha a pena,e acabe por desiludir-me ainda mais.Mas já tenho idade para ganhar coragem,até porque,não sou um passatempo,sou uma miuda esquisita,mas uma miuda.
O empurrão está dado,vou oferecer a minha indiferença.
Palavras em vão,um segundo de vida que se perde é precioso.E eu estou farta de perder tempo.
O meu relógio diz que está na hora de te decidires.

segunda-feira, julho 02, 2007

Um circulo perfeito

Morde o lábio,pinta de encarnado a parede do teu quarto,do teu sangue.
Morde e sente o sangue fervilhar,quase fluir pelo teu queixo,provocando a tua lingua como um rebuçado na boca de uma criança.
Engole a raiva,esconde o ódio.Veste a tua capa de super mulher e salva-te.O mundo espera,tu,só tens o que tens,tu própria.Embora a perfeição não exista,és tu!És o produto mais perfeito da imperfeição mas és tu...
A serra não vai fugir só porque pareces tão forte,tens de mostrar-lhe que és mais,és mais que a tua cortina de heroína e a tua voz de imperadora.
Pisa a terra que te abafa e magoa.Legitima defesa poderás dizer então.Tu és só tu.Nada mais.
Limpa os lábios.Cospe o que resta de ti,abraça o ardor que permanece,sara a ferida e volta a beijar,volta a amar,volta a morrer.Depois fazes tudo de novo,como uma rotina.Ou então esconde-te do que és,pinta a tua banda desenhada diária e apaga os quadradinhos.Porem,nunca serás na realidade de ferro,irás morrer e chorar um dia...
Porque o teu mundo não é grande o suficiente para desapareceres nele.

Electricidade

A escuridão imensa,é o que encontro agora.Não há sentimento.Já não sei o que é sentir,nem pena,nem saudade,nem carinho,já nem ódio sei o que é.
É tão vulgar dizer que me sinto perdida...Mas é de facto a expressão que melhor caracteriza o que sinto.Perco-me nos labirintos que eu mesma construo.São tão complexos que nem eu encontro a saída que por mim foi feita.
Era tão mais simples ser simples...
Por enquanto não sei para onde vou,nem sequer onde estou,mas a algum lado hei-de chegar.
Porque há uma luz que nunca se apaga.
Ensina-me o caminho para o interruptor.

Folha em branco

Sou uma folha em branco,impermeavel a qualquer tinta.Não há palavras eternas,e se algum dia quiseres pintar-me mais vale lançares-me à fogueira.
Sou a prova "viva" que o branco nem sempre é inocencia.Quantos tentaram dobrar-me,encadernar-me,pintar-me...Em vão.
Não há esperança no branco,apenas vazio.Indiferença ao toque.Onde outrora houve ódio e paixão,hoje existe desprezo e paz.
Sou a perturbadora calma de uma folha em branco.
Sou a incapacidade das palavras insignificantes que se não conseguem lá escrever.
Sou o nada.
Um vazio sem som e sem cor,sem cheiro,sem toque.A perversa transparencia de um céu de verão.
Vivo na avenida da desilusão,na casa numero 23,onde apenas existe uma porta.Ninguem me vê porque sou invisivel,e mesmo que não fosse,não tenho palavras,ninguem me lê.A minha campainha já não toca.
A soma sem resultado...
...E ainda assim consegui rasgar-me.

domingo, julho 01, 2007

Um dia destes...

Um dia destes vou ficar cansada.
Onde é que estás tu quando eu preciso?Com ela.Que som ouves tu quando eu preciso que me ouças?O mesmo que ela.Preferes estar com ela do que comigo,e eu não te culpo.E por vezes nem são paranoias.
Está com ela,não me apoies,deixa-me sozinha e não te lembres que eu existo,não me digas "boa noite",não ouças o mesmo que eu,vai,rápido.
Eu já sabia em que andar estava quando saí do elevador.
Eu já sabia o esforço que tinha de fazer para me manter fora dele.
Mas eu não de ferro,e...
Um dia destes vou ficar cansada.