Diário de uma Paixão

sábado, dezembro 30, 2006

O numero 3

Ainda não percebeste...Mesmo depois disto tudo.Eu não queria um ponto final,queria uma virgula.

Leio os meus diários de quando tinha 13,14,15 anos,tudo permanece na mesma.Uma ilusão de segurança fez-me crer que estava tudo bem.Que a minha estabilidade não era apenas aquela mão que me segurava durante 2 meses e como por magia,desaparecia.Aprendi que a estabilidade é como uma nuvem de vapor quente que mais tarde ou mais cedo acaba por desaparecer,lentamente,ficando mais fria.Não é um trabalho e dinheiro certo ao fim do mês que me vai fazer sentir mais segura,não é a tua presença ocasionalmente no meu corpo que me vai fazer sentir segura ao ponto de não me importar de cair,não são os meus textos que me fazem gostar mais de mim do que na verdade é possível.Lições de moral a mim mesma é o que eles são.Lições de moral a mim,é o que tu és.Aprendi que as criticas e as teorias de afastamento que tinha antes de apareceres na minha vida afinal não são assim tão simples,e eu não tinha assim tanta experiência quanto isso.Aprendi que não se chama masoquismo ao que acontece quando amamos alguem e essa pessoa não nos ama,e nos magoa com a perfeita noção de que o está a fazer.É o tal maldito amor.Aquela coisa lamexas e complicadinha que eu gosto tanto de escrever e tão pouco de falar.Aquela coisa que eu gostava que me tivesses dito.
Nos meus diários todos os dias,todas as páginas,às vezes mais de que uma vez dizia "estou cansada","estou exausta","estou esgotada","estou saturada",e nem sequer sabia porquê.Era tão miudinha para me sentir assim tão cansada...
Agora com quase vinte anos não estou mais nem menos cansada,mas continuo a pensar para comigo mesma o quão farta estou disto tudo,do que me acontece,do que me aparece,do mau e do bom.Apenas me iludi que não o estava,na esperança infundada de que se tornasse realidade.Acordei com quase vinte anos e percebi que escrevia melhor quando tinha 13 anos e me sentia esgotada,do que agora,que me engano com sensações falsas de leveza para me confortar a mim propria.Sim,sempre a mim mesma,a mim propria,a mim,a mim,a mim.Sou sempre eu.Sempre eu o problema,sempre eu a culpada,sempre eu o egoístazinho centro do mundo que eu MESMA criei.Agora que me sinto quase adulta,percebo que este egocentrismo não quer dizer somente egocentrismo,nem egoísmo nem algo do género,quer apenas demonstrar o quanto me sinto sozinha,e carente.Eu não sou de ferro.E já há muito tempo que não tinha tanta fome de escrever como hoje,provavelmente estou a iludir-me outra vez,provavelmente estou a prender-me à esperança estupida de que o meu telemovel vai tocar outra vez e serás tu.Sinto a minha adrenalina como um termometro a descer,a descer vertiginosamente para acabar este texto comigo na cama,sem força para chorar,mas ao mesmo tempo a convencer-me que não o posso fazer porque sou forte,porque as paredes que separam o meu quarto da sala são finas,e posso-me magoar outra vez se as minhas lágrimas inundarem o resto da casa.
Os diários registam aquilo que eu sou,não aquilo que eu fui.Sinto uma febre que quase me cega ao lê-los,sinto-me arrependida por ter vergonha do que sou,e meto na cabeça já não ser.Ainda não encontrei uma droga que me faça congelar o cerebro e derreter o coração,ou talvez o contrario,mas anseio esse encontro como uma salvação.Engraçado como só agora percebo que o amor não é nada de especial,não é o tema deste texto que ninguem vai ler,mas foi o que me levou a escreve-lo.A força que move o mundo,dizem.Eu cá continuo a pensar que é a força que o empurra para o fundo do poço.
Respiro fundo e não doi.O coração bate e doi.Fecho e abro os olhos e doi.A cada palavra que aqui escrevo sem intenção vou escrevendo outra,apago e volto atrás.Era bom que tudo fosse assim...
E a palavra que se repete vezes sem conta nos meus dedos e na minha cabeça não é amor,mas o começo dessa é o fim daquela.

3 semanas...3 meses...3 letras.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

2006

Gostava de prever se algum dia vou olhar para o numero 2006 a pensar se é um dos meus numeros da sorte,ou o contrário.
Este ano perdi duas das pessoas importantes,e não,não perdi daquela maneira que todos sabemos um dia voltarmos a ver,ou simplesmente me tivesse zangado com elas.Perdi-as para não as voltar a ter.Fui apresentada à Morte como nunca me tinha acontecido em vida,apresentaram-me o arrependimento,o remorso,a saudade,a tristeza...E eu sorridente conheci-os a todos sem abrir a boca.Deram-me a conhecer a palavra "prioridade",e devem ter achado que não lhe dei o devido valor ou não aprendi a lição,pois voltaram a por-me à prova no fim deste ano,quando tudo parecia mais claro.Noutra altura talvez fosse fácil para mim fazer essa escolha,o lado material e o emocional,daria prioridade ao emocional de certeza.Hoje não sei.Vou acabar o ano arrependida por não ter dado ouvidos às minhas prioridades a tempo,vou voltar a conhecer o arrependimento,parece que anda sempre atrás de mim.Estou triste.Conheci duas das coisas mais importantes da minha vida este ano,perdi outras duas,acho que estamos empatadas,eu e a Vida ou a Morte ou seja o que for que me roubou e voltar a dar.Não me faças perder outra vez...
Foi sem duvida o pior ano da minha vida,e talvez esteja a depositar demasiadas esperanças em 2007,mas é a unica coisa que me resta...

As consequencias de uma prioridade não se ficam só pelos danos dessa mesma,e eu acredito no universo paralelo que me vai tirar da realidade no momento certo.

domingo, dezembro 24, 2006

A prenda perfeita

Não sinto magia este ano.Aquela espirito de Natal que costumava ter adormeceu,já é o segundo ano que trabalho nesta altura e deixei de ter cabeça para ligar a prendas,àrvore de natal,enfeites,mensagens de boas festas...O ano passado lembro-me perfeitamente do que queria.Coisas materiais,alguem de quem não gostava propriamente,e descanso.Andava tão esgotada do trabalho que nada mais interessava.Este ano foi diferente,ou está a ser.Estou a rezar para que digas alguma coisa,tenho saudades tuas e ainda antes de ontem estivemos juntos.Sei que o ano passado dizia muitas vezes que gostava de alguem,mas não gostava,gostar é mais do que dizer,é não dizer e sentir,é sentir e não pensar.Sinto a temperatura da tua pele na minha mesmo agora que não sei onde andas,sinto a tua respiração no meu pescoço como se estivesses aqui ao lado,não sei como,não me perguntes porquê,mas sei que este Natal és a minha prenda perfeita.
Vem cá ter.Não precisas de trazer um lacinho cor-de-rosa,traz-te a ti...Eu dou-me a mim e ao meu sorriso só para te ter.

domingo, dezembro 17, 2006

Segurança

Nos teus braços dormiria o sono eterno.Não perguntes até quando nem porquê,não digas que é porque me aborreces...Secalhar é porque me sinto em casa.Sabes aquela sensação infantil quando estás muito muito cansado de dizeres "eu só queria ir para casa..."?Eu sinto-me assim quando tenho saudades tuas.Às vezes deparo-me com o silencio estupido,de quando te quero dizer que gosto de ti,e como não consigo fico com aquela cara de parvinha que te faz ficar calado tambem.Até nesses "silencios" já me sinto em casa.
Tremo.Tremo porque sou nervosa por natureza e insegura,tremo quando gosto do que me estão a fazer,tremo porque às vezes olho à volta e apesar da escuridão toda lá estar...Nunca me senti assim.Acho que estou bem,a unica coisa que me tira o bem-estar é o medo de perder.Dizem que só se sonha enquanto se dorme,eu descobri o que é sonhar acordada a dormir.
E sabe tão bem estar a dormir...Que quando acordo ainda lá estás,deixas rasto em teus sorrisos luminosos no meu dia-a-dia.

My biggest fear will be the rescue of me.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Talvez

Ao abrir a janela descobri que a minha casa é cheia de "talvezes".Descobri que certezas poucas ou nenhumas posso ter,em relação a nada.Sou insegura por natureza e isso nunca vai mudar,a minha paixão é a tristeza que sinto pela minha incerteza de tudo.No sofá existe um vazio quente na almofada e frio no ar.Um ar esgotado de quem já falou tudo o que tinha por falar,e um ar esgotado mais ao lado de quem ainda tem tudo acumulado,e nada pode dizer.
Um cansaço sem motivo que invade a luz ambiente.Os olhos no vago chão sujo de memórias do que nunca foi e das esperanças daquilo que nunca vai ser.Existe sempre uma resposta,não é sim,não é não,é um talvez constante e repetitivo.A minha vida está cheia de "talvezes".
Gostava que lutassem por mim uma vez na vida,não para que tivesse todos os brinquedos,não para que tivesse um quarto cor-de-rosa para os usar,não que tivesse um vestido de brilhantes para exibir aos vizinhos,mas que tivesse um abraço para onde voltar todos os dias,quando me sentisse sozinha.Pensando bem...Um abraço constante para dar resposta aos meus "talvezes",uma segurança de que as minhas duvidas não têm realmente razão de ser,um sim em forma de talvez.

Talvez me sinta sempre sozinha,talvez queira apenas um abraço.Talvez...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Matemática

Tu e eu,eu e tu,nós,pura matemática.Sempre me questionei se 4 + 2 era igual a 2 + 4,visto ser igual o resultado,mas será?
Dei-te 3 semanas sem te dizer.Faltam 3 semanas para o fim deste ano,prometi a mim mesma que pela primeira vez faria uma promessa para o ano seguinte,vou esforçar-me.Finalmente dar resposta à outra promessa que fiz há uns anos de me afastar de tudo e todos que me façam mal de alguma forma.Pois é...Visto que ainda me magoas por vezes,embora esteja bem mais indiferente do que estava há umas semanas,estarei a trair-me a mim mesma ao deixar-te na minha vida neste ano que aí vem?Sim,és a razão maior de toda a minha felicidade momentânea,mas e se este ano quiser mais que isso?E se quiser uma felicidade completa?Prometes-me que consegues?Nunca.Eu sei que jamais farias isso e eu já mais acreditaria mesmo que o fizesses.Portanto dei-te um prazo,ainda que não te tenha avisado,tens 3 semanas para me mostrar que consegues expressar-te,que consegues gostar de mim mais do que eu própria quero,que consegues ficar comigo neste novo ano.
Nessa linha ténue onde me encontro,entre o amor e a indiferença,faço uma equação deliciosa com o que sinto,e com a transição para o novo ano.A transição essa vou passa-la contigo,será que os sentimentos se vão partilhar tambem?Se não me provares que sim vou passar cerca de 2 semanas (sim,tenho feito contas),as 2 primeiras do ano a chorar,porque não te tenho,porque te perdi,mas vou faze-lo.Não saberás que nós os 2 somos pura matemática,não saberás que estamos predispostos numa equação,mas eu vou esperar que ela se resolva no momento certo à hora certa,mesmo que não leves a máquina de calcular.

Uma máquina de calcular não faz as contas entre os danos já causados e aqueles que ficam por fazer.