Diário de uma Paixão

quarta-feira, julho 27, 2011

Sonho lúcido

Acho que é normal quando os adultos sentem saudades da casa dos pais.
Não sei qual é o erro nesta frase,se é o "adultos" se as "saudades" ou o "normal".Nunca houve muito de normal na casa dos meus pais.O meu quarto era escuro,iluminado pela luz de um computador portátil,e o ar era tão cheio de fumo que era quase difícil respirar.Era tão difícil que chegava a ser confortável não conseguir respirar,e reconfortante ser tão difícil ver na escuridão.
Há dias em que não penso nele,há dias em que não consigo parar de pensar,é uma antítese engraçada.Irónica até.
Parece que se fizesse um esforço conseguia teletransportar-me para lá assim do nada,só estalar os dedos.O meu medo é não ser assim tão parecida com a Alice,e estalar os dedos para voltar não resulte.
Chama-se Sonho Lúcido,sempre o tive,acho que vou ter sempre.Não sei se é bom ou mau,dizem que é bom,mas eu estou cansada de sonhar com estações de comboios e escadas rolantes e tsunamis e um mundo,um só mundo que eu conheço tão bem,mas não existe.
Como é que se apaga algo que não existe?

terça-feira, julho 12, 2011

Inveja

O meu pecado favorito.Abrange todo o tipo de justiças.
Acontece-me todos os dias,dá-me às vezes força para lutar e ter aquilo que invejo,mas também me dá o sentimento de derrota por ver o que não posso ter.
É um mundo cruel aquele onde se passeia a cobiçar o que se vê sem lhe querer mal.Ao contrário do que se diz a inveja não implica querer mal a quem tem o que queremos e não temos,ela só aparece nos espaços vazios,como uma centopeia no meio do pó.Rasteja até um local confortável e deixa-se estar até morrer,ou morrermos com ela.O olhar da inveja é fácil de detectar,é molhado e frio.Vazio no vazio,um mundo dentro de um mundo.
Gosto.Julguem-me por favor por gostar dela e abraça-la no meu intimo,é ela que me resta e não magoa ninguém que não eu mesma.

A inveja é o que está no espaço vazio entre duas crianças.Uma delas tem um brinquedo e não lhe toca,a outra não tem nada e desejava tanto tocar-lhe.