Diário de uma Paixão

terça-feira, maio 30, 2006

O olhar

Perdi-me.Gostava de saber o que esconde esse negro que te encontrei no olhar.Pela primeira vez senti medo de algo que não fosse morte,senti medo de mim.Não queria sentir-me assim,não queria ver tudo negro...
E agora?Tudo muda?Ou permanece exactamente na mesma forma complexa?Responde-me às minhas duvidas!Fala comigo e não silencies o que te vai dentro.Por favor...
Afoguei-me nesse negro onde me sentia tão confortavel,afoguei os meus pensamentos os meus vicios e os meus medos,para agora me afogar por completo.Acreditavas agora que conseguia morrer?Já te vi,já te toquei,já te senti perto.Tudo o resto é insignificante.E sorrio porque acho isto tudo demasiado lamechas,mas até faz sentido.Tenho tanto medo...mais do que tinha antes,mais do que tinhas antes,mais do que alguma vez disse a alguem,daí servir-me destas palavras,simples,porque não me sai nada poético dos dedos já cansados de te escrever sem resposta,para aliviar a minha dor...o meu amor.Não tenho costume de usar esta palavra,normalmente é paixão,é passageiro e bonito.Agora não.É tempo,é choro,é tudo acumulado dentro com esse negro profundo do teu olhar.Porque nele perdi as poucas certezas que tinha na vida.Perdi ao ganhar uma coisa muito mais grave,amor.

Acreditas agora que o teu olhar mudou a minha vida?

domingo, maio 07, 2006

A lenda do cavaleiro sem regresso

Hoje ouvi uma piada interessante.Disseram-me que não voltavas,e eu ri-me e continuei a minha vida como se nada fosse.Levantei-me,tive a discussão diária com quem me rodeia,arranjei-me para sair,roupa,cabelo,rimel,sombra rosa transparente e perfume,fumei aquele cigarro que tu odeias,arranjei a mala com a carteira,o leitor de mp3 com as musicas que me fazem lembrar de ti,o telemovel(embora esteja sem saldo e quase não lhe dê uso),pastilhas de morango,isqueiro e outras coisinhas insignificantes,e sentei-me para falar contigo.Estavas frio e distante.O medo de te perguntar se não voltavas mesmo era tão grande que fiquei em silencio a olhar para ti,ou aquilo que me deste de ti.Finalmente perguntei-te,e a resposta foi a que temia,não,não voltavas.Sem perceber as lágrimas escorriam-me pelo rosto,não sei se de raiva pelo teu ausente regresso,ou de raiva de mim mesma por não me aguentar indiferente como tu.Fizeste-me chorar,como tantas outras vezes me fizeste sorrir deliciosamente com as tuas piadas.Percebi que a saudade não se sente apenas quando alguem nos deixa,mas que se pressente como uma maldição que nos vai atordoar a vida.
Fiquei em silencio a olhar para os teus olhos verdes inocentes,e na cabeça corriam como crianças em pátio de escola as coisas que gostava de te dizer como despedida,mas não fui capaz de as tirar de lá.Disse-te "vai dando noticias" e dei-te o meu numero de telemovel,embora saiba que não o vais fazer nem o vais usar.E não te contei das minhas lágrimas por medo que a resposta fosse um riso,ou um "ya ya deve ser."
Queria tanto poder não regressar,contigo.
E agora elas correm tão depressa que nem tenho tempo de lhes pedir que parem,e tu corres tão depressa que não tenho coragem de te dizer "espera...".