Diário de uma Paixão

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Auto-estima

Sinto saudades de quando me davam elogios.Talvez ande carente (mais do que o costume) então lembro-me dos elogios que mais gostei de receber.E quanto mais penso neles mais penso que não foram elogios,mas sim frases que me disseram,com pessoas importantes associadas.
Sinto saudades de estudar,e faltar às aulas para vir à grande cidade namorar e fumar ganzas como se ser rebelde fosse o meu objectivo numero 1.
Hoje sinto saudades porque não escolhi afastar-me dessa vida,dessa rotina,fui obrigada a crescer.
Largar o liceu,trabalhar o dia todo,e passar o tempo que restava a fugir para o mesmo sitio onde costumava ser rebelde.Na verdade,não o deixei de ser nunca.No lugar dos beijos à beira rio e das ganzas,haviam jantares e bebedeiras em restaurantes caros,noites loucas em residencias pagas a meias,e erros dentro de carros no cimo de serras.
A inocência é um bem temporário,que devemos aproveitar enquanto dura,como se nunca fosse acabar.
Sinto saudades de me poder dar ao luxo de cometer erros,e faltar ao trabalho para ficar na cama com ressacas que me pareciam a pior consequência.Sinto saudades de ser insconsciente.
Hoje em dia apesar de não dormir nem metade das horas que devia,dou daquelas desculpas vulgares como estar cansada,e ter de ir trabalhar no dia seguinte de manhãzinha,para não sair.Acho que tenho medo de cometer as mesmas falhas.
Sinto falta de ter de dar satisfações,de dizer para onde vou,com quem e para onde.Nem que na altura em que as dava não as desse,na realidade.
Agora,olho para mim com umas olheiras do tamanho da lua,sentada no chão de um novo quarto,e penso que mudei.Depois olho para cima da mesa e vejo uma rasta,um copo de shot,e uma fotografia...E ajuda-me a lembrar que continuo a mesma miuda louca que não tem medo de nada,nem de ressacas e muito menos de cometer erros.
Mas sou uma miuda crescida que já não precisa de dar satisfações porque conseguiu sair de casa dos pais sem ajudas e sem apoios,porque conseguiu manter o mesmo trabalho e ainda mantem por mais de um ano,porque paga a renda e as contas e tem amigos que por vezes são ainda mais importantes que a familia,porque já não tem de fugir para a cidade grande,mudou-se de malas, bagagens e erros do passado para lá.
Crescer doi,quase tanto como o amor.A unica diferença é que crescer compensa sempre,o amor,tem os seus dias.
E apesar de me sentir orgulhosa por tudo o que consegui alcançar,há dias em que acordo com aquela frase na cabeça:
"O teu sorriso mata-me..."

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Pressentimento

Senti-te como um aperto no estomago,como aqueles murros que se levam no liceu por paixões roubadas e jogos de futebol perdidos.
O pouco que consegui dormir,aquelas 2 horas,diziam-me que algo estava errado.Já dizia a minha avó que os sonhos têm sempre um significado.Eu tive um pressentimento de que não estavas bem.
Não te quero preocupado com a minha vidinha confusa e complicada,não quero que penses se penso em ti porque podes ter sempre a certeza que estou a pensar...Sempre.
E quando as nuvens se forem embora,e o sol nascer para iluminar os teus olhos lindos,que me fazem sorrir a cada vez que os vejo,vais poder esquecer-te da neblina.Não que deixem de ser lindos quando chove...Mas ficam tão mais mágicos quando não se molham.
Porem,e aparte as nossas diferenças,enviei-te telepaticamente uma mensagem de esperança para que tudo corresse bem e não te esquecesses de mim.Não daquela forma egoísta de sempre,mas para não te esqueceres que quando o mundo desaba,e levares com as paredes do céu em cima,eu vou estar sempre aqui.
Eu vou estar sempre aqui para te desenterrar do pó.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Triângulo vicioso

És uma contradição engraçada.Não sei se fale de ti ou de mim.Ou dela...
Nos três casos existe uma antítese deliciosa de desilusão,como doce e ácido ao mesmo tempo.
As relações são o brinquedo do diabo,se este existir.Acredito mais nele que em deus.
Hoje,amanhã e sempre.
Queria-te agora para descarregar o mau feitio do cansaço,tenho tendência a descarregar em quem não merece,que é quem está sempre presente.Não é o caso,merecias.
As pessoas desiludem-me.Até quando estão quietas e silenciosas,será mania?
Vicios e mentiras e desprezos.
Já basta aquelas que estão presas a nós,para quê arranjar mais algumas?
És uma hiperbole de magia que eu era bem capaz de imaginar em criança.Será que ainda sou criança?
Não sei o que digo.É um triangulo de impossibilidades,é o que nós somos.
Tu,eu e ela.
A esperança,a insegurança e a desilusão.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Não quero

Não quero mais confusões.
Não quero mais inseguranças.
Não quero mais saudades.
Não quero mais apertos no estomago.
Não quero mais tremer descontroladamente.
Não quero fazer força para não chover.
Não quero suspirar enquanto fecho os olhos.
Não quero dar-me.
Não quero emoções temporárias.
Não quero mais angústias sem razão suficiente.
Não quero escrever mais lamexices.
Não quero nenhuma paixão platónica.
Não quero acordar sobressaltada com ausências.
Não quero o que não me podem dar.
Não quero colar...
Não quero sexo nem complicações.
Não quero a negação de tudo o que referi.
Não quero o que não posso ter.
Não quero o que é demasiado para mim.
Não quero acordar esquecida.
"Estás demasiado longe para falar tão alto."

Quero os pés na Terra e aprender a contrariar as minhas vontades.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Fogo e noite

Acendi a luz.Não suporto ver-te às escuras,já muitas foram as noites em que me iluminaste.Acendi a luz e deitei-me,não posso continuar à espera que me acordes,tenho consciência do meu mau-dormir.
De manhã,não vou cá estar para ti como gostaria.Decidi afastar-me um pouco do interruptor,em breve conhecerás quem te ligue o candeeiro em fases como esta.Esse alguem será bem melhor que eu.
Sou instável,amor...E novidades?
Não posso arriscar um futuro próximo em que espere a noite inteira só para me vires dar luz.Não posso,embora queira.Gostava de voltar a ser criança,mas cresci,fiz-me crescer e ainda faço.O meu caminho é sempre o mais escuro,a insegurança faz-me sempre companhia na viagem,como outros amigos dos quais preferia me descartar por vezes.Não quero sujeitar-te a isso.
Desculpas?Talvez.Talvez me engane por não querer cair,talvez voar não valha a pena,talvez porque os caminhos até hoje tenham sido tão desconhecidos,que para variar,gostava de ver por onde vou.E tu és uma estrada cheia de pedrinhas e nevoeiro,por muito que quisesses não conseguias mostrar-me a paisagem.Pior cego é aquele que não quer ver,e eu quero e não quero ao mesmo tempo.
Sem medo de tentar,sem medo de perder,sem medo de ganhar,sem medo de sofrer,sem medo de gostar.
Miragens de nós,e medos de voar.
Hoje atiro-me à fogueira,amanhã nasce a noite em mim.

domingo, fevereiro 17, 2008

E depois?

Vamos seguindo o ar como se este nos informasse de alguma coisa,lembrando-nos do que realmente viemos cá fazer.
Quando o ar já não nos leva,pegamos na terra que nos rodeia e enterramo-nos.Fundo até o ar já não se lembrar definitivamente da nossa existência.
O dia chega em que já cansa este enterro de sentimentos e fantasmas de erros cometidos noutros tempos,e decidimos finalmente desenterrar o que haviamos com tanto esforço enterrado,como se não houvesse fim.
Descobrimos que a terra não é assim tão fácil de limpar dos olhos e dos pulmões que insistem fazer-nos respirar pelas razões erradas,e nos destacam para lavar o bom nome do amor.
Misturamos água,terra,amor e mais qualquer coisa que trazemos agarrada ao nosso sangue como uma doença tratável,e abrimos os braços ao que aparece entre o nevoeiro.
Não sabes o que é e eu tambem não.Qual dos dois saberá menos,ou mais inconscientemente...
Tenho medo de ir,quase tanto como voltar.Tenho medo de ir,e desta vez,não conseguir voltar.
Tu,tu não tens medo do desconhecido porque não conheces o desconhecido como eu.
A vida é tão mais simples a preto e branco que a cor-de-rosa,meu amor...
Agora estamos aqui,
...E depois?

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Sustos

A tua ausência diz mais que o vazio espaçoso de um grupinho de letras desencantadas.
Assusta-me estar bem disposta.Assusta-me estares triste.Assusta-me assustarem-me estas coisinhas pequenas.
Não és real,nem te posso fazer real.
Longe da Terra,onde gosto de ter sempre os pés bem assentes.
Assustou-me.Assusta-me admitir que me assustaste por fazer aquilo que sem fazer tem vindo a ser feito.Dizer não.Dizer chega.
As relações são um dos brinquedos mais engraçados da vida,e um dos mais perigosos.Mais uma vez,assustam-me.
Tenho um problema grave com o compromisso que não faço intenções em resolver,por assustar-me.
Tenho um problema grave contigo.
Assusta-me.
Quando é que acabam os sustos?
Tenho ciúmes.Esse é o mais recente problema.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Pózinhos

Carrossel emocional.
Respiras fundo,tudo parece cor-de-rosa e iluminado.O mundo é mágico.
Montanha russa dos sonhos,é onde estás.
O ar parece trazer-te tudo aquilo que queres,mesmo que não saibas o que é.
Branco.A cor ironicamente impura do motivo.
Danças como se ninguem te conseguisse alcançar com os olhos.
Sorris como se a felicidade fosse eterna.
Pózinhos mágicos puderam-te assim.Mágicos.
O tempo parece fugir-te por entre os dedos como areia seca.
Que tem de tão especial a areia?São apenas pedrinhas pequeninas...
Nah...O universo tem mais que isso.
A musica não é só barulho.
O toque não é só o choque dos corpos.
Cruzaste o olhar com o perigo,e queres mais.
Alcool?O alcool é só uma amostra.
Como dizem eles,e ela, "Aproveita."
"É sempre em frente,sempre em frente."

sábado, fevereiro 02, 2008

Vem fazer barulho

É um silêncio estranho a tua ausência,que os barulhos da máquina de lavar não conseguem superar.
O branco lilás das paredes já não escondem nenhum segredo,nem me dão luta para revelar.Tento lê-las com cuidado,em busca de algo novo que me faça despertar,em vão.Não é chá,não é musica nem nicotina,é uma vontade doentia que nem eu consigo desvendar.Fico à espera que a alcances,que me digas por fim o que está escrito nas entrelinhas dos meus desejos,mas longo se torna o compasso que me faz ficar aqui deitada em meia dúzia de almofadas cor-de-rosa,na esperança que chegues antes de levar o meu corpo à cama,para me que acalmes.
Vou sentir a tua falta quando já não vieres adormecer-me os pesadelos,egoísta como sei ser,vou sentir falta de tentar acordar os teus.
Eu acredito no que vejo,a confiança é uma prenda envenenada que há muito recuso.E o resto...O resto ainda mais.
É um silêncio impossivel que me lateja na cabeça como violencia.Um silêncio violento de ser,que deixa o corpo dolorido na manhã seguinte sem razões para se levantar da cama.Já as tive,não gostei de perde-las.
Consegues decifra-las?Consegues devolver-me as razões que me faziam levantar na escuridão das manhãs?Talvez não...
Às vezes,sabia bem ao menos tentar.Conseguir não é nada,tentar,é o propósito de uma vida.
É um silêncio insuportavel...Vem fazer barulho.