Diário de uma Paixão

terça-feira, março 15, 2011

Bruxa

Não quero mais dormir,não quero mais sonhar,não quero mais acordar,não quero mais.Não quero mais.É demasiado sono,demasiada calma,demasiado nervo,demasiado sonho,demasiado.Não quero mais.É demais sonhar assim,é demais não querer acordar,é demais viver,é demais morrer,é demais saber.Não quero mais saber.Não quero.Preferia não saber.Não quero mais ser bruxa,não quero mais ser bruxa,não quero mais não quero.

Não durmas.

sexta-feira, março 11, 2011

Sangue meu

Vomito-te meu sangue pois não te quero dentro.
Vomito-te porque me repugnas.
Vomito-te com a força da chuva na minha janela nas noites que me roubaste.
Vomito-te porque não prestas.

Vomito-te sangue meu,és ainda mais fraco do que eu.
Vomito-te porque és doente.
Vomito-te como o mar é cuspido por um tsunami,leva a morte que há em mim que não é vida.
Vomito-te porque me engoliste.

Vomito-te sangue porque tenho vergonha de seres meu.
Vomito-te!És o nojo que sou hoje.
Vomito-te como me vês sempre,vómito.
Vomito-te,e não mereces a sarjeta onde te deixo.
Sangue meu,sangue meu,hoje quem te vomita sou eu.

segunda-feira, março 07, 2011

Os Parvos

Ouvi na televisão que hoje os jovens só se queixam,que somos uma geração à rasca e só sabemos fazer manifestações falhadas sem resultado.O que eu tenho realmente medo é de um dia ligar a televisão,e ver a geração à rasca ultrapassada pela geração terrorista.Hoje gritam,amanhã matam,talvez assim o PM nos ouvisse.
Antes reclamava-se um carro novo,agora ouvem-se gritos de jovens que querem apenas trabalhar para viver e não os deixam.
Os miúdos passam fome para poder agarrar nos livros,ao ponto a que chegamos...
Os psicólogos servem às mesas e atendem telefones.
Os advogados desistem do Direito de defender ou acusar,passam a tirar fotocópias atrás de uma secretária.
Um dia vou acordar e paga-se bilhete para entrar numa biblioteca,a cultura não devia ter preço.
Já ninguém vai ao teatro,ninguém tem dinheiro para pagar entrada,de que vivem os actores?
Os concertos um dia destes são o preço das propinas e o cinema foi feito crime para quem não o pode sustentar.Onde estão os músicos do futuro?
Os professores velhos querem reformar-se,os novos querem trabalho!Para quê tanto recém licenciado no desemprego?
Os médicos de família passam receitas enquanto esperam pela reforma,os miúdos estudam para exercer saúde noutros cantos da Europa onde um dia talvez a tenham.Será Portugal assim tão mau?
Somos a geração rejeitada pela própria pátria.
A geração dos parvos, do "quanto mais bates mais gosto de ti".
Ainda fazemos um esforço para reivindicar os nossos direitos,até ao dia em que apanhamos todos o TGV para bem longe,e deixamos o nosso país morrer de velho.
Somos os Parvos,com P maiúsculo,P de Portugal.
Para quê chegar tão longe?

quarta-feira, março 02, 2011

Amores

O amor divide-se em todo o tipo de pecados.O dos pais,dos amantes,dos amigos,dos animais,do material...É algo inevitável na vida.O pecado vem na falta dele em algum campo que nos falha.
Quantas vezes dizemos que determinada pessoa não tem amor próprio e damos por nós a fazer o mesmo?Quem se ama realmente não tem vícios,não julga,não foge.
O amor vem com todo o tipo de inimigos invisíveis.Não conheço quem não o falhe.
A mim falha-me o amor paternal,e acordo alguns dias à procura de me amar a mim mesma sem julgamentos.Ofereço-me defeitos,criticas destrutivas,desistências...Cometo todo o tipo de pecados em consciência.
O amor no fundo é o que nos falha,o que procuramos incessantemente toda a vida pelo nosso pequenino mundo e não encontramos de corpo inteiro.
Eu aceito não ter um amor saudável de origem,de nascença.Não o conheci,não me ensinaram a vê-lo,tive de estudar para aprender,tive de me deixar levar e arriscar o desconhecido.
Continuo a pecar cada vez que não me amo,cada dia que finjo não pensar em mim e não ter medo.Fingir não é amizade ao próprio corpo e mente.
É tão fácil amar alguém e tão difícil a nós próprios...
Se tenho quem o faça porque é que não faço o mesmo?Serei assim tão má?Talvez.