Diário de uma Paixão

segunda-feira, junho 27, 2005

Procura-se

Tiraste-me as palavras,
Eram elas que me moviam
E empurravam para a morte.
Agora vivo à deriva,
Em busca de algo mais que sorte,
À procura de me sentir viva.

Apanhaste-me.
Seguraste-me do alto de um voo,
Deste-me a conhecer a queda e o enjoo!
E agora vivo à sorte...
Esperando por tudo,fugindo da morte.
Por entre nuvens e vales encantados
Procuro mais que sonhos roubados.

Busco a solidão dos sonhos e do pensamento,
A companhia dos novos e da coragem.
Desesperadamente procuro pelo firmamento,
A estrela,a luz,o fim de uma miragem.

Vivo no escuro da igualdade.
Sobrevivo a mais um tempo de rotina
Que me detriora a alma,e fulmina
Aquele desejo profundo de liberdade.

quinta-feira, junho 23, 2005

Silencio

Tenho em mãos uma caneta calada e um caderno odioso que me suporta,tenho a meu lado um yogurte meio bebido sem vontade e umas bolachas trincadas sem sabor.A janela aberta permite-me receber o sopro quente de uma lua de verão escondida e o silencio roubado pelo ladrar furioso dos cães abandonados.Sinto falta do choro do miudo do lado e dos berros encandescentes da sua mãe,tenho saudades de quando me encostava à janela e apenas a lua,os berros da vizinha,o choro do miudo do lado,e a presença de algum rapaz na minha memória me enchiam o vazio.
A minha letra é feia,o sabor sem-sabor das bolachas na minha boca é horrivel,e o yogurte tem uma embalagem perfeita.Existe no ar um aroma a a cigarros cansados que me faz desesperar e ferver.
Não tenho sono.Tenho em mãos uma caneta que não se cala e um caderno que se apaixonou por mim e me fere a perna onde está apoiado.
Não se ouve um unico som.Porém,os cães continuam o seu canto nocturno,os carros de vez em quando passam,a minha mãe tosse para que saiba que está acordada.Ainda assim,posso afirmar:estou em silencio.