O 1º PAF
Agora sou assim designada. "O PAF". As pessoas veêm o meu nome e dizem isto em voz alta umas para as outras e olham-me com olhos diferentes. Estas coisas não definem ninguém, claro.
Aqui "o PAF" não foi a sítios. Como se costuma dizer em inglês.
Olho-me ao espelho e já não estou lá. Tu achas que estás mas não estás. Bebes uma cerveja e comes coisas da terra em vez daquelas que compras em pacote e não são provenientes de lado nenhum. Vestes calças tão justas que às vezes acreditas que és igual às outras mulheres de "quase 30" e na tua cabeça pensas que estás na menopausa. Afinal de contas não vais ter mais filhos e tens tonturas.
Eu sou o produto de uma ausência e de um excesso. Os pais que não pensaram que ias atender telefones para viver. Ou sobreviver...Vai dar à mesma merda.
"O Paf" não conta que vai faltar ao trabalho para ver ser espicaçada com choques eléctricos durante 4 horas. Vergonha e pena e cansaço. Cansa-me que me façam perguntas e depois cansa-me que não as façam. Porque na verdade ninguem percebe e estás sozinha no mundo com quase 30 anos de viagens a sitio nenhum.
Bebes mais uma cerveja e por que carga de água não é um copo de vinho?
Porque nunca poderias estar contente com o que vem dentro do copo.