Anatomia de Cátia Cláudia
Olhei para a miúda dos cabelos ruivos e fez-me lembrar alguém.Tinha um sorriso brilhante como os cabelos e uns olhos excessivamente rasgados como um raio de Sol.Ela por inteiro era um bocadinho de luz.Observei atentamente todos os seus traços e todos os seus gestos,activando o meu motor de busca para encontra-la na minha cabeça em alguma altura da minha vida,na escola,nalgum trabalho,sei lá,qualquer lado.Por muito mais características que juntasse não conseguia junta-la ao meu puzzle mental de todos os episódios por que já passei,meti a minha vida em série,assim como uma "Anatomia de Cátia Cláudia" ou algo do género.Deus...Odeio o meu nome,mas continuando.
Andava na faculdade de jornalismo e gostava daquele tipo de musicas que ninguem mais gosta mas no fundo toda a gente acha bonito de se ouvir,e complicava tudo o que lhe aparecia pela frente,talvez complicar fosse a sua defesa mais secreta.Fez dela a base do seu feitio e das suas danças matinais com o espelho que lhe parecia cada vez mais agressivo.O seu namorado era o rapazinho mais complicado e sentimental que podia existir,e ela era tão inteligente...
Após noites a fio contemplando aquela imagem de ternura em rapariga rebelde,percebi que não valia a pena o esforço do motor de busca.
Quando era pequena sempre me perguntei por que não teria um amigo imaginário,quando a minha imaginação era tudo o que restava...Afinal,quanto mais tempo passamos sozinhos mais damos largas à nossa imaginação,frutos,costumam chamar-lhe assim.Nunca vi esse amigo que todas as crianças problemáticas viam,então resolvi criar o Gabriel.Era o meu "anjo da guarda",com quem eu falava todas as noites de insónia no meio dos gritos,agarrada à minha gata debaixo dos cobertores.O Gabriel nunca apareceu na verdade,cheguei a fingir que me dava respostas,mas...Tretas,nunca deu.Nem o Gabriel,nem o amigo imaginário,nem a gata,nem os peluches nem a humidade negra do tecto para onde olhei tantos anos.Aprendi a dar as minhas próprias respostas,a aceita-las,digeri-las e continuar a cria-las até me tornar adulta.Hoje sei que nem sempre foram as mais correctas,mas foram melhores que nada.
Eu sempre quis ser ruiva,ruiva natural,daquele laranja avermelhado que só se vê em caixas de tinta para o cabelo.Sempre quis estudar,de preferência jornalismo.Sempre quis ter alguem sentimental que chorasse comigo,e sempre soube que isso era exactamente o contrário do que precisava.
Engraçado,as tintas não pegam bem no meu cabelo a não ser a cor preta.Essa fixa que é uma maravilha,talvez se atraia ao meu estado de espirito ou...Não sei.
Deixei de falar com o Gabriel na noite em que decidi fugir de casa pela primeira vez.Deixei o sonho da faculdade quando consegui sair de casa.Continuo a tentar pintar o cabelo de vez em quando...E desisti de querer ter alguem depressivo quando encontrei o amor da minha vida.
Sempre disse que não tinha medo de morrer,e realmente as coisas mudam muito.
Andava na faculdade de jornalismo e gostava daquele tipo de musicas que ninguem mais gosta mas no fundo toda a gente acha bonito de se ouvir,e complicava tudo o que lhe aparecia pela frente,talvez complicar fosse a sua defesa mais secreta.Fez dela a base do seu feitio e das suas danças matinais com o espelho que lhe parecia cada vez mais agressivo.O seu namorado era o rapazinho mais complicado e sentimental que podia existir,e ela era tão inteligente...
Após noites a fio contemplando aquela imagem de ternura em rapariga rebelde,percebi que não valia a pena o esforço do motor de busca.
Quando era pequena sempre me perguntei por que não teria um amigo imaginário,quando a minha imaginação era tudo o que restava...Afinal,quanto mais tempo passamos sozinhos mais damos largas à nossa imaginação,frutos,costumam chamar-lhe assim.Nunca vi esse amigo que todas as crianças problemáticas viam,então resolvi criar o Gabriel.Era o meu "anjo da guarda",com quem eu falava todas as noites de insónia no meio dos gritos,agarrada à minha gata debaixo dos cobertores.O Gabriel nunca apareceu na verdade,cheguei a fingir que me dava respostas,mas...Tretas,nunca deu.Nem o Gabriel,nem o amigo imaginário,nem a gata,nem os peluches nem a humidade negra do tecto para onde olhei tantos anos.Aprendi a dar as minhas próprias respostas,a aceita-las,digeri-las e continuar a cria-las até me tornar adulta.Hoje sei que nem sempre foram as mais correctas,mas foram melhores que nada.
Eu sempre quis ser ruiva,ruiva natural,daquele laranja avermelhado que só se vê em caixas de tinta para o cabelo.Sempre quis estudar,de preferência jornalismo.Sempre quis ter alguem sentimental que chorasse comigo,e sempre soube que isso era exactamente o contrário do que precisava.
Engraçado,as tintas não pegam bem no meu cabelo a não ser a cor preta.Essa fixa que é uma maravilha,talvez se atraia ao meu estado de espirito ou...Não sei.
Deixei de falar com o Gabriel na noite em que decidi fugir de casa pela primeira vez.Deixei o sonho da faculdade quando consegui sair de casa.Continuo a tentar pintar o cabelo de vez em quando...E desisti de querer ter alguem depressivo quando encontrei o amor da minha vida.
Sempre disse que não tinha medo de morrer,e realmente as coisas mudam muito.