O piano
Era uma menina como outra qualquer.
Aos sábados de manhã,bem cedinho,desligava o despertador,ligava a aparelhagem com os seus cds de punk-rock tipicos de anos 90,e fazia força para se levantar.Silenciosamente para não acordar ninguem.Vestia o seu vestido branco com flores garridas,que já lhe apertava o peito que crescia a olhos vistos,calçava as suas sandálias amarelo torrado,pegava na mala e nos livros,e saía de casa.A porta rangia como se gritasse "não voltes!".
Andava insegura e inocente a evitar os vizinhos que achavam estranha a sua saída tão cedo,sozinha.Largava meia duzia de "bons dias",com a sua voz timida e doce,tremia o sorriso e apanhava o autocarro para o centro da cidade.Toda a gente olhava sorridente.Ela escondia-se por entre a multidão.Nunca ninguem soube o que a levava àquela hora a um sábado,para um lugar tão perigoso,pelo menos a ela.
Descia,atravessava a estação com olhar de quem procura alguem,mas na verdade apenas se procura a ela mesma,e entrava num prédio de poucos andares,com um placar cheio de fotografias à porta.Olha de relance para a sua,e sobe as escadas na esperança que ninguem note que é ela que ali está,num retrato à moda antiga sentada a um piano.
Diz bom dia à senhora da recepção e entra numa sala com pouca luz,procura um piano vazio para praticar.Coloca os head-phones,perde-se na musica até que chega um senhor já de idade para lhe dar uma aula.Para ela,o recreio não era o intervalo de meia-hora na escola,nem um fim-de-semana na cama até tarde,era aquilo.Libertava-lhe a alma.Sentia-se independente e responsavel,porem,havia tanta culpa e tanta pressão,que um dia decidiu que nunca mais tocaria com um dedo num piano.As teclas simbolizavam o que menos gostava,a prisão de ser adulta precocemente.
No regresso a casa,chorou por entre as ruas solitárias que a levavam a casa,limpou cuidadosamente as lágrimas ao entrar no prédio,e disse aos pais que não queria ir mais.
Quase 10 anos depois continuaram a culpa-la de ter deixado a escola de musica.Exibem fotografias e videos de audições para as quais chorou na casa de banho antes de entrar.As quais odiava por serem observadas por dezenas de desconhecidos que a criticavam ou elogiavam,sem ter em conta a sua idade.
Na realidade a menina do piano,que não sabia o que queria ser quando fosse grande,tinha apenas 11 anos.Gostava de se sentar na beira da sua janela em dias de chuva a escrever poemas sobre coisas que ainda não conhecia,amor,ódio,saudade,filosofia...Gostava de jogar futebol e de ver filmes de terror psicológico.E fazia compras sozinha,ao contrário das suas colegas cujos pais não deixavam sair para alem do fundo da rua.
Tinha apenas 11 anos.
Aos sábados de manhã,bem cedinho,desligava o despertador,ligava a aparelhagem com os seus cds de punk-rock tipicos de anos 90,e fazia força para se levantar.Silenciosamente para não acordar ninguem.Vestia o seu vestido branco com flores garridas,que já lhe apertava o peito que crescia a olhos vistos,calçava as suas sandálias amarelo torrado,pegava na mala e nos livros,e saía de casa.A porta rangia como se gritasse "não voltes!".
Andava insegura e inocente a evitar os vizinhos que achavam estranha a sua saída tão cedo,sozinha.Largava meia duzia de "bons dias",com a sua voz timida e doce,tremia o sorriso e apanhava o autocarro para o centro da cidade.Toda a gente olhava sorridente.Ela escondia-se por entre a multidão.Nunca ninguem soube o que a levava àquela hora a um sábado,para um lugar tão perigoso,pelo menos a ela.
Descia,atravessava a estação com olhar de quem procura alguem,mas na verdade apenas se procura a ela mesma,e entrava num prédio de poucos andares,com um placar cheio de fotografias à porta.Olha de relance para a sua,e sobe as escadas na esperança que ninguem note que é ela que ali está,num retrato à moda antiga sentada a um piano.
Diz bom dia à senhora da recepção e entra numa sala com pouca luz,procura um piano vazio para praticar.Coloca os head-phones,perde-se na musica até que chega um senhor já de idade para lhe dar uma aula.Para ela,o recreio não era o intervalo de meia-hora na escola,nem um fim-de-semana na cama até tarde,era aquilo.Libertava-lhe a alma.Sentia-se independente e responsavel,porem,havia tanta culpa e tanta pressão,que um dia decidiu que nunca mais tocaria com um dedo num piano.As teclas simbolizavam o que menos gostava,a prisão de ser adulta precocemente.
No regresso a casa,chorou por entre as ruas solitárias que a levavam a casa,limpou cuidadosamente as lágrimas ao entrar no prédio,e disse aos pais que não queria ir mais.
Quase 10 anos depois continuaram a culpa-la de ter deixado a escola de musica.Exibem fotografias e videos de audições para as quais chorou na casa de banho antes de entrar.As quais odiava por serem observadas por dezenas de desconhecidos que a criticavam ou elogiavam,sem ter em conta a sua idade.
Na realidade a menina do piano,que não sabia o que queria ser quando fosse grande,tinha apenas 11 anos.Gostava de se sentar na beira da sua janela em dias de chuva a escrever poemas sobre coisas que ainda não conhecia,amor,ódio,saudade,filosofia...Gostava de jogar futebol e de ver filmes de terror psicológico.E fazia compras sozinha,ao contrário das suas colegas cujos pais não deixavam sair para alem do fundo da rua.
Tinha apenas 11 anos.
3 Comentários:
Às 5:00 da manhã , Entre a Realidade e o Sonho disse...
Nao precisas-te nem nunca vais precisar que digam se fazes isto ou akilo bem ou mal,nao precisas de ninguem pa te avaliar,nao precisas tao pouco de dar importancia a videos,fotos ou comentarios sobre o k podias ter sido e n foste,e sabes pk?
Porque simplesmente es melhor que tudo isso,és melhor do k poderias ter sido,Confuso?
Nao simplesmente superaste-t,superaste akilo que ja esperavam de ti e isso faz confusao a muita gente,essa muita gente que nao sabe lidar com a mudança,com a resposta na cara,com a realidade.
Tu simplesmente es melhor que isso tudo ;)
*
Às 5:41 da manhã , Entre a Realidade e o Sonho disse...
Nao eu apenas sigo-t o exeplo ;)
Às 6:35 da manhã , Tiago Campos disse...
Que texto tão forte, mesmo... Bah queria comentar algo de jeito mas sinto que qualquer coisa que escrever não vai fazer jus ao texto :x Damn, deu mesmo que pensar... Enfim, cada vez gosto mais da tua escrita :)
(e desculpa mesmo o comentário pobre :/ )
Eternal Sunshine of the Spotless Mind... Já 1001 amigas, amigos e os cães (e gatos xP) me falaram desse filme, e eu estou sempre a dizer que tenho de ver e nunca vi ._. mas pelo o que toda a gente diz é mesmo imperdível... Também adoro cinema... Isso de ficar lamechas... É incrível como um filme pode mexer tanto connosco, acho que o último que me deixou realmente assim foi o Children Of Men (Os Filhos do Homem) não sei se já viste... Mas entrou imediatamente nos meus filmes favoritos :)
Bridget Jones portuguesa xD isso fez-me lembrar da maior parte das minhas amigas se ver sempre como uma personagem do Sexo e a Cidade :P
e Bridget Jones já li o livro mas nunca cheguei a ver o filme, o que é estranho ._. já "O Perfume" é a mesma coisa...
Ah e disse "um dia" como uma expressão, até porque não sabia se querias realmente estar a levar com um chato no msn xD (believe me, consigo ser chato) e só não adiciono "já" (pronto não agora porque são 6:30 e daqui a nada vou para o curso) porque não tenho o teu mail :P mas se quiseres adicionar tenho o meu no blog, na parte do "contactar a administração" ou pronto, aqui >.> mechanical924king(at)gmail.com
:) *
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