Cartas de amor e Obituários
Eras tão bonita.A tua cara de menina crescida com o cabelo a escorrer-te rosto abaixo e o teu sorriso luminoso faziam crer que havia esperança no mundo.Por vezes olhei para ti e pensei que aquelas histórias infantis de contos de fada eram inspiradas em ti,eras a minha branca de neve,a minha bela adormecida.Tenho pena que não tenhas esperado para te dizer o quão bonita ficavas nas tuas roupas pretas que faziam contraste com a tua pele cor-de-neve.Ninguem sonha como eras graciosa ao sair de casa sob a luz matinal que fazia arder os olhos,eu sonho.Fechavas a porta com cuidado para não incomodar vizinhos nem dar nas vistas,julgavas que ninguem no mundo sabia da tua existência,daquelas tuas saídas matinais para comprar cigarros e ver a serra ao longe com as nuvens a dançar sobre ela.Por vezes saías graciosa como sempre,com lágrimas nos olhos e ecos de gritos e violência no sorriso.Por vezes...Por vezes respiravas tão fundo que se ouvia dois prédios ao lado,e abanavas a cabeça de maneira a que os teus longos cabelos brilhantes saltassem para trás dos ombros,como se dissesses: "é só mais um dia..."
Eras tão triste que os vizinhos comentavam.Tinham pena da vida que levavas,outros simplesmente gostavam de te usar para ter de que falar em jantares de familia,"aquela miuda do andar de cima,tem uma vida complicada...tão novinha."
Tinhas os teus amores.A tua gata,que dormia contigo todas as noites enrolada na tua manta preferida e nos teus braços.O teu melhor amigo,que tinha mais paciencia que ninguem para as tuas crises existenciais depressivas.O teu pseudo-namorado,indiferente a tudo por muito que lhe quisesses chamar à atenção.A tua mãe,que apesar de tudo era o teu orgulho,a tua heroína.Nunca nada nem ninguem era suficiente.Eras uma peça sem correspondente,eras um mono puzzle impossivel de acabar...Nunca ninguem soube.
Vou ter saudades de te ver olhar pela janela do quarto enquanto dizias "eu vou sentir saudades disto",na esperança que um dia,em breve conseguisses finalmente sair daquela casa,como se de uma prisão.Vou ter saudades das tuas gargalhadas exageradas quando bebidas vodka em noites perdidas pela cidade.Vou ter saudades do teu perfume,o mesmo desde os teus 14 anos...Nunca,nada,nem ninguem reparou.O teu ódio pelo tempo finalmente fez jus às tuas palavras constantes:"vou morrer cedo".Não foi a nicotina nem o teu desejo de estabilidade que te fez dizer aquilo,sabias bem o que dizias embora te achassem louca.Demasiado louca para este mundo,demasiado louca para quem te amava.Não chegaste a fazer aquela banda e aquela peça de teatro que tanto sonhavas...Não chegaste a fazer o interrail,não chegaste a voltar a França nem chegaste a fazer metade do que tinhas planeado fazer.Gostava que me tivesses deixado metade dos teus sonhos.Tinhas tanto medo de morrer sem completares o puzzle que lhe deste razão,deste razão ao teu medo.
A menina de preto cor-de-rosa que não olhava nos olhos das pessoas e adorava o mar.É assim que te descrevo agora que partiste,embora tu sejas eu,e nunca,nada,nem ninguem,alguma vez escreveu o seu proprio obituário.Eras diferente,continuas a sê-lo,ninguem o vê,ninguem o viu a tempo...
Descansa em paz,minha menina.
Eras tão triste que os vizinhos comentavam.Tinham pena da vida que levavas,outros simplesmente gostavam de te usar para ter de que falar em jantares de familia,"aquela miuda do andar de cima,tem uma vida complicada...tão novinha."
Tinhas os teus amores.A tua gata,que dormia contigo todas as noites enrolada na tua manta preferida e nos teus braços.O teu melhor amigo,que tinha mais paciencia que ninguem para as tuas crises existenciais depressivas.O teu pseudo-namorado,indiferente a tudo por muito que lhe quisesses chamar à atenção.A tua mãe,que apesar de tudo era o teu orgulho,a tua heroína.Nunca nada nem ninguem era suficiente.Eras uma peça sem correspondente,eras um mono puzzle impossivel de acabar...Nunca ninguem soube.
Vou ter saudades de te ver olhar pela janela do quarto enquanto dizias "eu vou sentir saudades disto",na esperança que um dia,em breve conseguisses finalmente sair daquela casa,como se de uma prisão.Vou ter saudades das tuas gargalhadas exageradas quando bebidas vodka em noites perdidas pela cidade.Vou ter saudades do teu perfume,o mesmo desde os teus 14 anos...Nunca,nada,nem ninguem reparou.O teu ódio pelo tempo finalmente fez jus às tuas palavras constantes:"vou morrer cedo".Não foi a nicotina nem o teu desejo de estabilidade que te fez dizer aquilo,sabias bem o que dizias embora te achassem louca.Demasiado louca para este mundo,demasiado louca para quem te amava.Não chegaste a fazer aquela banda e aquela peça de teatro que tanto sonhavas...Não chegaste a fazer o interrail,não chegaste a voltar a França nem chegaste a fazer metade do que tinhas planeado fazer.Gostava que me tivesses deixado metade dos teus sonhos.Tinhas tanto medo de morrer sem completares o puzzle que lhe deste razão,deste razão ao teu medo.
A menina de preto cor-de-rosa que não olhava nos olhos das pessoas e adorava o mar.É assim que te descrevo agora que partiste,embora tu sejas eu,e nunca,nada,nem ninguem,alguma vez escreveu o seu proprio obituário.Eras diferente,continuas a sê-lo,ninguem o vê,ninguem o viu a tempo...
Descansa em paz,minha menina.
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