O outro lado do espelho
De repente voam pela minha cabeça, sítios onde já estive, lugares onde estive que não existem para mais ninguém, e as minhas origens, o meu presente. Tudo se mistura. O cheiro da terra e dos pinheiros, do mar, da areia, o cheiro a praia do protector solar, a ribeira, os festivais, o suor, o cais do sodré e os Alpes. Como se tudo estivesse lado a lado, sem milímetros de distância.
Estou nos anos desta mistura que não me deixam juntar mais nada. Como uma receita de um bolo, os ingredientes já cá estão, falta cozinhar, falta-me tempo que não tenho. Ou será que tenho?
Não sei se me tornei na falta de coragem para fazer, se na falta de coragem para ter coragem.
Tive sempre os meus textos, o meu amor pela escrita, pela beleza dos livros e dos cds, da solidão acompanhada do meu quarto, dos meus sonhos de ser grande. Nunca estive na verdade, só.Sempre tive a companhia do quanto sabia o que fazer, ser, planear.Nunca precisei de presenças, se precisasse inventava.Sonhava com uma cidade que para mim era real, com uma praia que sempre me deu ideia existir tanto quanto eu, com um restaurante,uma loja de tatuagens,uma feira,uma luz do dia que não existe a nenhum dia de semana...
Tenho saudades de coisas que não existem, que raio sou eu?
Quando é que deixei de saber ler os meus sonhos?
Quando é que me tornei tão...Sozinha?
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