Diário de uma Paixão

sexta-feira, outubro 13, 2006

Estrelas e Sapos

Quando eu era pequenina,tão pequenina que cabia nas saias da minha mãe,contavam-me histórias sobre princesas,estrelas e sapos.Sapos que se transformavam em principes encantados.Como todas as meninas eu tinha medo de sapos,aquele seu aspecto viscoso e imprevisivel a qualquer salto metia-me medo.Na verdade ainda tenho esse medo,agora com quase 20 anos,com um mundo debaixo das saias.Mas sonhava...sonhava quase tanto como agora ou ainda mais,não me lembro bem.A areia de um parque infantil levava-me a pensar que um dia por debaixo daqueles grãos me apareceria um sapo encantado,eu perderia todos os medos,dava-lhe um daqueles meus doces beijinhos e o mundo cresceria para mim.Seria senhora de mim,dele,dos beijos,das estrelas e usaria saias grandes como as da minha mãe.
O sapo nunca apareceu.
Agora com quase 20 anos por baixo das minhas próprias saias vi um sapo,enquanto tu serenamente como de costume me dizes "levanta-te,está ali um sapo",e eu como uma menina pequenina que foge para debaixo das saias da mãe,levanto-me,acedo ao teu pedido e agarro-me a ti como se a uma tábua de salvação.Ris-te,e isso simplesmente faz-me feliz.Vivo e respiro no teu sorriso e nos teus cabelos como que se estivesse embrenhada em sonhos,a dormir na minha cama cor-de-rosa.És doce e quente como ela.És o meu ninho,és o meu chão.
Vinte anos passaram e só agora encontrei o meu sapo,não precisei de o beijar a ele,e não saíram dele estrelas mágicas,até porque os teus beijos lhes roubariam toda a magia.Elas já lá estavam,eu é que lhes invadi a casa como que entrando por uma porta sem bater.Não fugiram,tu tambem não.Eu senti-me criança num conto de fadas tornado realidade,no sitio mais longe do mundo,porem conseguia observa-lo,por fora das suas linhas ténues sujas,abraçada a uma pureza e simplicidade que só consigo comparar com isto: Estrelas e sapos.

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