Diário de uma Paixão

domingo, outubro 10, 2004

Carta

Sinto-me só, infelizmente, por muita gente que tenha à minha volta, contínuo assim, desesperadamente só.
Tudo isto culpa tua, sacana! Passo o dia inteiro a olhar para ti, aquele que me faz sentir só, e triste penso:
---Meu Deus! Como eu te queria "roubar" só para mim...
Infelizmente não posso, não queres, não queres ser meu. Não queres ser de ninguém, és um bocado como eu, mas eu, quero ser tua, de mais ninguém, mas tua.
Jamais serei independente, é uma certeza que tenho, à anos, desde que te vejo assim, desesperada, pensando que o meu coração, ou seja lá o que for que me faz sentir esta antítese de dor e prazer, de sorrisos e lágrimas, não resistirá.
Fazes-me sentir tão mal, e tão bem, consegues fazer-me mal só de não olhares para mim, fazes-me sentir a pessoa mais afortunada do universo, apenas e só, por me dizeres bom dia.
Sentes-me outra, e vejo-me outra, vês-me rosa eu vejo-me azul, vês-me céu e eu sinto-me nuvem, e tudo isto é tão egoísta, tão injusto...Quero-te mais que a toda a riqueza e fortuna que alguma vez poderá existir. Tenho uma doença incurável e em vez de procurar cura, recuso-me a tratamentos, qualquer tipo de medicação, tenho "nojo" dos médicos e os hospitais provocam-me vómitos. É uma doença arrebatadora e egoísta, física e psicológica. Já não consigo pensar em quem me ama, só em ti, quem eu amo. Quero lá saber se gostas ou não, Deus! Quero-te só para mim!
Aneis negros, nos quais me enforco, olhos negros profundos, onde me afogo, como se de um poço se tratasse, desejo-vos como um pássaro deseja o céu! Mas no fim, aqui, enfim, de nada vale o meu sentimento, a minha dor, a rio algum chegam as minhas lágrimas.
Os meus olhos, esses, permanecem fechados, à espera que chegues para se abrirem.
Ontém morri, tu não vieste, e os meus olhos fechados se mantiveram para a vida o dia inteiro, como janelas cerradas em dia de tempestade.
Hoje, todo o mundo se abriu novamente, como se dentro de mim, as janelas estivessem todas abertas, permitindo a toda a luz da tua graça penetrar no meu espaço íntimo, tão vazio, tão só.
O amanhã tão incerto, surge-me como um medo, um receio fugitivo que me ocorre todos os dias da semana, do mês, do ano, do século que virá (se eu aguentar tal dor) e da infinita imortalidade onde terá sempre casa, o meu amor.
Amanhã, hoje, ontém, seja lá o dia em que for, se estiver destinado viver mais que tu, recuso! Deixem-me ir embora antes de ti, para assim, ter sempre na memória o teu rosto, e o dia, e a noite, em que dançava na minha alma a tua existência.
Sinto-me moribunda, só, triste, sem ti.E isto diz tudo.
Para: alguém

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